Graves anormalidades em barragens da vetorial motivam intervenção do mpt


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Infiltração e precária cobertura vegetal dos taludes comprometem a estabilidade dos locais e precisam de solução com urgência 12/03/2019 17h52 Por: Suelen Morales O Ministério Público do


Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS) abriu investigação para apurar sérias irregularidades detectadas durante vistoria nas duas barragens da Vetorial Mineração S.A. instaladas em Corumbá.


As principais preocupações relacionam-se à percolação – movimento descendente da água no interior do solo, alimentado por infiltração – na Mina Lais (Barragem Sul), à correção de dreno e à


precária cobertura vegetal dos taludes – lateral em contato com os rejeitos de minério de ferro represados – da Mina Monjolinho (Barragem 6). Esses problemas, segundo os peritos da


instituição, comprometem a estabilidade dos locais e precisam de solução com urgência. A falta de equipamentos como alarme com acionamento automático e iluminação, capazes de advertir


trabalhadores e comunidade a jusante da área de abrangência dos resíduos para o risco de rompimento de barragem, também gerou alerta na inspeção realizada no dia 30 de janeiro. Os peritos


ainda constataram a inexistência de Plano de Ação de Emergência e de estudos sismológicos regionais, indicados no laudo como “requisitos e condições mínimas” para se garantir a segurança e a


saúde das pessoas que interagem com o sistema de produção da mineradora. Segundo o documento, na área à jusante da Mina Lais estima-se cerca de 30 pessoas habitando em 12 residências. Elas


podem ser atingidas pela onda de rejeito em caso de ruptura. “Tendo em vista a gravidade dos fatos constantes do relatório fiscal e levando-se em conta a recente tragédia ambiental e


trabalhista que ocorreu em Brumadinho, cabe ao Ministério Público do Trabalho tutelar tanto interesses difusos da sociedade, como o meio ambiente, quanto direitos coletivos dos


trabalhadores, que se encontram em risco pela omissão da mineradora”, justifica a procuradora Cândice Gabriela Arósio, que atuou nessa primeira etapa da investigação. A procuradora


determinou o prazo de 20 dias, contado a partir desta terça-feira (12), para que a Vetorial se manifeste a respeito do laudo pericial do MPT-MS, apresentando as ações e período para


adequação das irregularidades. Durante visita às minas, os peritos ouviram empregados sobre as principais atividades laborais, identificando os processos de trabalho com maior impacto e


riscos na produtividade, bem como recorreram a registros fotográficos e análise de documentos para concluir o relatório. Em Corumbá, a usina da Vetorial possui capacidade de produção de 370


mil toneladas de ferro gusa por ano. A Mina Lais, o maior dentre os dois depósitos de rejeitos de minério de ferro, tem capacidade de 800 mil metros cúbicos e está em ampliação. A inspeção


visual no dia 30 de janeiro foi coordenada pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul e contou também com a participação de representantes do Ministério Público Federal, do Corpo


de Bombeiros, da Defesa Civil do Estado, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), da Prefeitura de Corumbá, da Defesa Civil de Corumbá, da Polícia Militar Ambiental e da


Associação de Engenheiros e Arquitetos de Corumbá. Conforme Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho, elaborado pela Secretaria de Previdência do Ministério da Economia, entre 2006 e


2016 foram registrados 265 casos na atividade extração de minerais metálicos em Mato Grosso do Sul. Texto da matéria 1.