Mpf pede explicação a ministro da educação sobre carta para escolas


Mpf pede explicação a ministro da educação sobre carta para escolas

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Texto encaminhado por Ricardo Vélez Rodriguez pedia filmagem de alunos cantando hino 26/02/2019 19h29 Por: Mariana Tokarnia/EBC A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), que


integra o Ministério Público Federal, encaminhou hoje (26) pedido de esclarecimento ao ministro da Educação, Ricardo Vélez, sobre mensagem enviada a escolas do país. A PFDC solicita que o


MEC apresente, em até 24 horas, justificativa do ato administrativo com base “nos preceitos constitucionais e legais a que estão submetidos todos os agentes públicos”. A mensagem enviada


pelo MEC solicitava que uma carta do ministro fosse lida para estudantes, professores e demais funcionários, e que os alunos ficassem perfilados para cantar o Hino Nacional. Na mensagem,


pede que um representante da escola filme as crianças durante o ato e que as imagens sejam enviadas ao ministério e à Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República. A


carta continha o slogan utilizado na campanha do presidente Jair Bolsonaro – “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”. Hoje (26), o MEC informou em nota que enviou uma nova mensagem às


escolas, com uma carta sem o slogan de campanha. A pasta ressalta que o ato é voluntário, para as escolas que quiserem aderir. O MEC diz ainda que as imagens serão utilizadas mediante


autorização dos pais e responsáveis. ARGUMENTOS De acordo com a procuradoria, a mensagem feriu o Artigo 5º da Constituição Federal, que assegura ser livre a manifestação do pensamento e que


é inviolável a liberdade de consciência e de crença. “O mesmo artigo constitucional garante que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o


direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”, disse em nota. O documento cita também Artigo 37 da Constituição Federal, segundo o qual a publicidade de atos,


programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que


caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. A PFDC argumenta que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assegura à criança e ao adolescente o direito à


liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.