Egipto. Ministério público congela bens de líderes da irmandade
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O dia de ontem amanheceu no Egipto com uma promessa que, horas depois, era posta em prática: o congelamento dos bens de 14 figuras seniores da Irmandade Muçulmana, entre elas Mohammed Badie,
líder do grupo islamita. A decisão ontem tomada pelo procurador-geral, confirmada à BBC por fontes judiciais egípcias, abrange ainda o vice-líder do movimento… O dia de ontem amanheceu no
Egipto com uma promessa que, horas depois, era posta em prática: o congelamento dos bens de 14 figuras seniores da Irmandade Muçulmana, entre elas Mohammed Badie, líder do grupo islamita. A
decisão ontem tomada pelo procurador-geral, confirmada à BBC por fontes judiciais egípcias, abrange ainda o vice-líder do movimento islamita, Khairat al-Shater. Os irmãos cujos bens foram
congelados já têm mandados de captura emitidos em seu nome desde a deposição do presidente eleito em Junho do ano passado, Mohammed Mursi, do Partido da Liberdade e da Justiça (PLJ, braço
político da Irmandade). A esses mandados juntou-se a ordem de prisão imediata de Badie, emitida a 11 de Julho pelo MP por “incitação à violência”, no âmbito da morte de mais de 50 apoiantes
dos irmãos alegadamente alvejados por soldados durante um protesto pelo restabelecimento imediato do governo deposto pelo exército. Desde que foi deposto, a 3 de Julho, Mursi está detido
pelas Forças Armadas, ao que corre no quartel da Guarda Presidencial, no Cairo, onde sucedeu esse protesto. A decisão do procurador Hisham Barakat surge no âmbito da investigação que Adli
Mansour, ex-presidente do Tribunal Constitucional que está agora a liderar o governo interino tecnocrático, ordenou ao caso. Durante as últimas duas semanas várias pessoas já morreram nas
ruas da capital e de outras cidades egípcias em confrontos entre apoiantes e opositores de Mursi. Sem confirmar nem desmentir o congelamento dos bens dos 14 irmãos muçulmanos, o general
Abdel Fattah al-Sisi, líder do exército e actual ministro interino da Defesa, voltou a defender ontem a deposição do primeiro governo eleito pelos egípcios depois de 30 anos de ditadura de
Hosni Mubarak – deposto em Março de 2011, na onda primaveril que se espalharia por vários países do Médio Oriente e do Norte de África. “A resposta foi de total rejeição”, disse Al-Sisi,
explicando que pediu ao presidente que levasse a cabo um referendo ao seu governo dias antes de o depor. Da mesma forma, o general sublinhou de novo que nenhum partido político vai ser
barrado da política egípcia. “Todas as forças políticas devem perceber que se trata de uma oportunidade para todos na vida política e que nenhum movimento ideológico está impedido de
participar nela.” As palavras entram em choque directo com as acções do governo interino que tomou posse um dia depois de Mursi ser deposto. São já vários os analistas que traçam
paralelismos com o que está a acontecer neste momento à era Mubarak, durante a qual a Irmandade foi ilegalizada e os seus membros perseguidos. O Exército mantém que interveio perante
protestos de milhões contra o governo islamita, acusando-o de se estar a tornar cada vez mais autoritário e de falhar na gestão dos problemas económicos que o Egipto atravessa. Entre Junho
de 2012, quando Mursi foi eleito, e Junho deste ano, o crescimento do PIB desceu de 6% para menos de 2%; o desemprego subiu de 9% para 13%; e as reservas estrangeiras reduziram de 35 mil
milhões de dólares para menos de 15 mil milhões. Segundo a televisão estatal egípcia, o líder do PLJ, Saad al-Katani, também está na lista de membros da Irmandade cujos bens foram
congelados, além de figuras de partidos islamitas rivais, como o salafista Nour. À margem desta decisão, o primeiro-ministro interino, Hazem al-Beblawi, começou já a escolher ministros e
secretários de Estado. Ahmed Galal, economista liberal formado pela Universidade de Boston, foi nomeado ministro interino das Finanças. Nabil Fahmy, ex-embaixador do Egipto em Washington,
DC, é o novo ministro dos Negócios Estrangeiros. Mohamed ElBaradei, ex-director da Agência Internacional de Energia Atómica da ONU e Nobel da Paz, já fora nomeado vice-presidente interino a
semana passada.