Dia do não fumador. "tabaco continua a ser factor de emancipação"

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A tendência tem sido de queda. Portugal tem uma média de fumadores abaixo da média europeia e o padrão aponta para que haja cada vez mais pessoas a deixar de fumar, principalmente entre os
homens. Os dados mais recentes mostram que é entre os jovens e as mulheres que esta tendência é contrária. Actualmente há… A tendência tem sido de queda. Portugal tem uma média de fumadores
abaixo da média europeia e o padrão aponta para que haja cada vez mais pessoas a deixar de fumar, principalmente entre os homens. Os dados mais recentes mostram que é entre os jovens e as
mulheres que esta tendência é contrária. Actualmente há cerca de 20% dos portugueses que fumam e há tantas mulheres fumadoras como homens, o que levou o coordenador do Programa Nacional de
Doenças Oncológicas, Nuno Miranda, a deixar esta semana o alerta de que o tabaco pode mesmo vir a matar mais mulheres do que homens. No dia do Não Fumador, que se assinalou ontem, os
especialistas reconhecem que a introdução da lei do tabaco ajudou a que mais adultos optassem por deixar de fumar. Marta Andrade, directora técnica de uma rede de clínicas de cessação
tabágica explicou ao _i_ que “o uso do tabaco continua a ser factor de emancipação. Hoje em dia vemos as crianças mais responsáveis, mas na adolescência essa consciência esmorece perante as
necessidades de integração e sociabilização. E as mulheres também vêem no tabaco uma forma de emancipação. Há 20 ou 30 anos não lhes ficava bem fumar, mas hoje esse estigma não existe”.
Marta Andrade espera que a nova lei do tabaco, que o secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Leal da Costa, disse que seria aprovada em 2014 seja “um grande mote” para levar mais
pessoas a deixar de fumar: “E temos de acreditar que aquilo que ainda é hoje um factor de integração possa vir a tornar-se um factor de isolamento”. Mas esta especialista lembra que “o
processo não é fácil, pois é preciso respeitar os direitos dos fumadores, sendo que muitos sucumbiram ao vício por falta de informação”. Os fumadores que pretendam deixar o tabaco têm
consultas no SNS, mas, segundo os dados da Direcção-geral de Saúde, também os locais onde estas consultas estão disponíveis têm vindo a diminuir. Em 2012 havia 125 consultas especializadas,
enquanto que em 2008, ano em que entrou em vigor a lei do tabaco, eram 242. Foi a Norte que se perderam mais, mas também no Alentejo e no Algarve. Marta Andrade adianta que não há registos
de em que regiões do país se fuma mais, mas explica que é nos extremos que isso se verifica: “Nos grandes centros urbanos, devido ao stress do dia-a-dia e nos locais mais isolados, devido à
falta de distracções. O uso do tabaco pode servir como elemento calmante, socializante, mas paradoxalmente também como companhia”. Uma das lutas dos especialistas em tabagismo tem sido a
comparticipação dos medicamentos para deixar de fumar, que o director-geral de Saúde, Francisco George, já disse ser uma questão que “aguarda uma decisão final”.