Bolsonaro: 'bandidos de esquerda começaram a voltar ao poder' na argentina
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (14) que “bandidos de esquerda começaram a voltar ao poder” na Argentina, abrindo espaço a novas críticas sobre ingerência diplomática,
após a vitória do peronista Alberto Fernández nas eleições primárias naquele país. “A Argentina está mergulhando no caos, a Argentina começa a trilhar o rumo da Venezuela, porque nas
primárias bandidos de esquerda começaram a voltar ao poder”, declarou o presidente durante um evento no Piauí. Alberto Fernández, numa chapa com a ex-presidente Cristina Fernández de
Kirchner, aparecem como grandes favoritos para a eleição de 27 de outubro, após uma dura derrota que aplicaram no presidente argentino Fernando Macri nas primárias abertas realizadas domingo
passado. Desde que assumiu a presidência Bolsonaro tem expressado seu apoio ao neoliberal Macri e a suas políticas de liberalização econômica e sua preocupação por um eventual regresso do
kirchnerismo ao poder. Na segunda-feira, ele brigou com Fernández após de dizer que, se o candidato peronista vencer, a Argentina estará “na estrada para a Venezuela” e haverá uma onda de
refugiados semelhante a que o Brasil enfrenta em Roraima na fronteira com o país liderado por Nicolás Maduro. Adiantou também que a relação com Fernández seria “conflitiva”, o que poderia
impactar no Mercosul e no acordo comercial desse bloco com a União Europeia. Fernández respondeu, tachando Bolsonaro de “racista, misógino e violento”, mas descartou problemas a longo prazo
entre os dois países. “Bolsonaro é uma conjuntura na vida do Brasil como Macri é uma conjuntura na Argentina”, declarou. Analistas consideram que o apoio de Bolsonaro, que tem uma imagem
negativa entre o eleitorado argentino, está prejudicando Macri e representa uma atitude de ingerência sem precedentes na política exterior brasileira, tradicionalmente neutra em relação a
eleições em outros países. O jornalista e historiador Elio Gaspari classificou numa coluna publicada nesta quarta-feira nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo de “assombrosa” a atitude de
Bolsonaro e recordou que o capitão da reserva “não tem mandato para meter o Brasil numa disputa eleitoral argentina”.