Contra tudo e contra todos


Contra tudo e contra todos

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Fernando Mattos/Arquivo Pessoal/ND No detalhe o gol de Maringá Tinha apenas quatro anos quando o Joinville conquistou o Octacampeonato Catarinense, tornando-se o time a obter a maior série


consecutiva de títulos no Estado. O de 1985, em especial, foi contra tudo e contra todos. Todos fizeram de tudo para que o JEC não levasse a oitava estrela seguida, mas não conseguiram. E,


com todos os personagens do mágico título que converso para saber um pouco mais, o discurso é sempre o mesmo: “ganhamos de todo mundo dentro e fora de campo”. Quando teve o arbitral daquele


ano, na qual a sede era em Florianópolis, dois presidentes de clubes bateram na mesa e disseram que o Joinville não poderia ser o campeão naquele ano. “O Campeonato está perdendo a graça e


os times estão ficando desmotivados”, era o que se dizia à época. Se isto influenciou em algo, só as terras antigas do Ernestão saberão. Mas, que a arbitragem usou critérios incompreensíveis


até hoje para tentar tirar o Octa do Coelho, isto é claro como a água cristalina que Maringá tomou quando fez o primeiro gol contra o Avaí, em Itajaí. Mas o título poderia ter vindo uma


rodada antes, no Ernestão. Se vencesse o Inter de Lages pelo placar mínimo, o título viria de forma antecipada. Mas aí, de forma inexplicável, o árbitro Miguel Laureano, aos 35 minutos do


segundo tempo, anulou um gol legítimo de Nardela, que da entrada da grande área cabeceou encobrindo o goleiro lageano. A arbitragem alegou impedimento, mas vários defensores da equipe


visitante davam condição. Ao final do jogo, o preparador físico do JEC partiu para cima do árbitro e o resultado disto foi parar no TJD-SC (Tribunal de Justiça Desportiva de Santa Catarina),


que se reuniu na calada da noite e puniu o JEC com perda de um mando de campo e também puniu o treinador do Tricolor. O Joinville foi, então, jogar em Itajaí, mas nem com Dalmo Bozzano e


seus incompreensíveis critérios técnicos, perdeu o campeonato mais suado da história do clube. Uma invasão com mais de cem ônibus parou Itajaí, que amanheceu mais vermelha, preta e branca.


RUI E O TÍTULO DO OCTA Na confusão de 85, o técnico João Francisco foi punido telo TJD-SC e não pôde comandar a partida na final contra o Avaí. Pela amizade, Rui Guimarães (foto),


comentarista do Clube da Bola da RICTV Record, foi convidado por João a comandar o JEC na grande decisão. Sem rádio ou telefone, foi Rui quem montou e coordenou a equipe que se tornaria


Octacampeã Estadual. “Se perdesse, me matariam”, brincou Rui, quando falou do título do Octa. “O João queria jogar de uma maneira, mas eu sabia como lidar com os atletas. Falei para o


Geraldo pegar firme porque senão ele sairia do time. Fiz tudo do meu jeito. Se eu perco aquele título, me matariam. Mas foi uma experiência emocionante”, revelou Rui Guimarães. O JOGO VIRA


Enquanto estudava e analisava a história dos confrontos entre JEC e Avaí para fazer esta coluna especial de aniversário dos 30 anos do Octa, minha filha, recém-nascida, chorava. Entre um


embalo e outro, quando percebia, o pensamento estava voando pela linha do tempo. Ora nos dourados anos 80, ora na época de vacas magras nos anos de 2004 até 2010. Impossível falar de JEC e


Avaí e não lembrar do belo chute de Ricardinho da entrada da área, que quase pôs a Arena abaixo no último segundo do final do turno em 2010. Mas neste mesmo ano, e para este mesmo Avaí, veio


a derrota na final do Catarinense. Aos gritos de “ão, ão, ão, só jogam no verão”, o torcedor jequeano saiu cabisbaixo daquela fatídica decisão. O tempo passou e as coisas foram mudando.


Veio o título da Série C em 2011, o acesso à Série B e, depois de três anos, um título que consolidou a volta do Coelho ao cenário nacional. Hoje, as duas equipes encontram-se no mesmo


patamar, mas em momentos distintos. VOLTA À ELITE O JEC é um foguete em ascensão, enquanto que o Leão busca um ponto de equilíbrio para manter-se na Série A. No futebol, as coisas mudam


muito rápido. Em quatro anos, uma equipe sem érie passou a campeã do Brasileiro da Série B, enquanto que a outra, que fez a melhor campanha de um catarinense na elite do futebol Brasileiro,


hoje vive uma situação instável financeiramente. Do gol de Maringá, que decidiu o Octa em 85, ao choro da pequena Laura em meus braços, uma coincidência após 30 anos: nos dois momentos, o


JEC estava presente na Série A. A torcida é para que ela e tantas outras crianças possam reviver, agora, a fase áurea do JEC dos anos 80. O maior “freguês” O torcedor que está antenado nas


redes sociais sempre cita o Criciúma como maior “freguês” do Tricolor, em função dos títulos que o JEC ganhou em cima do Tigre. Mas, se levarmos em consideração o número de vitórias e gols


marcados, o clube que mais perdeu e sofreu gols do Joinville, na história, é o Avaí. Confrontos Com 82 derrotas, em 189 jogos, o Avaí é o clube que mais foi derrotado para o JEC e também o


clube que mais sofreu gols (255). No total, o Coelho empatou 50 vezes e perdeu outras 57 para o time florianopolitano. Em matéria de títulos, porém, o Tigre foi o que mais sofreu nas finais


contra o Tricolor, mas em matéria de jogos, o Leão é ainda o que mais pena nas garras do Coelho.