Manezinha centenária, Zuleida Póvoas Dias comemora aniversário com Florianópolis


Manezinha centenária, Zuleida Póvoas Dias comemora aniversário com Florianópolis

Play all audios:


Início › Notícias

Manezinha centenária, Zuleida Póvoas Dias comemora aniversário com Florianópolis No dia que Florianópolis completa 286 anos, Zuleida comemora um século de vida


https://ndmais.com.br/noticias/manezinha-centenaria-zuleida-povoas-dias-comemora-aniversario-com-florianopolis/ Aline Torres , Florianópolis 23/03/2012 às 08h30 SEGUIR ND Mais no Google


Notícias @portalndmais no Instagram ND Mais no Whatsapp ND Mais no Facebook @PortalNDMais no X @portalndmais no TikTok Enviar no WhatsApp Fotos Marco Santiago/NDZuleida guarda em seus álbuns


as memórias da família Póvoas, dos amigos e da cidade


“Nunca pensei que ia chegar nessa idade”, repete Zuleida Póvoas Dias, que pelas madeixas brancas e um jeito manso virou “avó de todo mundo”. No dia que Florianópolis faz 286 anos, ela


comemora seu centenário. E logo esclarece: “Não tem nenhum segredo, cheguei porque o tempo me trouxe”.


Os descendentes – três filhos, sete netos e três bisnetos – preparam o festejo. “Se der vou dançar”, antecipou a matriarca. Ela não pensa na vida, nem teme a morte. Segue, “sem abusos” e com


o carinho da família, que todas as terças-feiras se reúne no almoço.


Nos anos 1970, Zuleida entrava para a terceira idade. E Floripa vivia uma industrialização tardia, expandia a rede rodoviária e o setor da construção civil, conforme a Casa da Memória. Nessa


década, foi aterrada a Baía Sul, construída a ponte Colombo Salles e duplicada a Beira-Mar Norte. Na década de 1960, a UFSC foi concluída; e a BR-101, aberta.


Nos anos 1950 poucas mulheres trabalhavam e a aniversariante já era veterana no telégrafo nacional. Admirava tanto a profissão do pai, que Agenor Póvoas levou o instrumento para casa e


ensinou a linguagem codificada para a filha. Foram 25 anos na profissão.


Na época, a Capital vivia da roça. Mas novas vias foram surgindo e o centro, antes composto por chácaras, foi ganhando traços de modernismo. Um exemplo é o Edifício das Diretoriais, na


Tenente Silveira. Zuleida, que não participou do movimento – eternizado na semana de 1922 – se satisfez com a primeira geladeira, comprada em 1957, um móvel com isolamento térmico onde se


colocavam barras de gelo.


Em 1945, a Segunda Guerra Mundial acabou: 70 milhões de judeus foram mortos por Hitler, as cidades europeias estavam em ruínas, Nagasaki e Hiroxima, no Japão, viraram pó, com o lançamento


das bombas atômicas pelo governo dos Estados Unidos. Zuleida e Paulo Machado Dias se casaram. “Era um marido muito bom, pena que partiu cedo, com 83 anos”, suspira a avó.


A Ilha se liga ao Continente


Na infância, quando era preciso acompanhar os pais ao Continente para fazer compras, Zuleida atravessava o mar de canoa. No mercado ao lado da Alfândega, se concentrava a maior parte do


comércio da Ilha.


Em 1926, por 15 milhões de contos de réis, a Hercílio Luz foi construída. A menina, de 14 anos, se impressionou com a imensidão da ponte inaugurada num chuvoso 13 de maio. Por lá passaram os


antigos carros da Ford, incluindo o Bigode, fabricado em 1919.


As  transmissões radiofônicas chegavam a Santa Catarina, em 1929. Nessa época, Zuleida brincava de roda com as meninas do colégio de freiras Coração de Jesus e costurava sapatos para Paulo


Zanine. Seu pai participava da fundação do Figueirense.

Além do baralho, a distração da avó é bordar ponto cruz para presentear a família


Os filhos manés de 1912


Nesse ano, 68 crianças nasceram em Florianópolis, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Não há pesquisa que revela quantos centenários ainda vivem. A esperança


média de vida, em 1912, era em torno de 47 anos.


Na época, poucas regiões tinham Only 14 percent of the homes in the US had a bathtub. Only 8 percent of the homes had a telephone.abastecimento de água, rede de esgoto e energia elétrica.


Zuleida morava na rua Esteves Júnior, iluminada com lampiões de óleo ou querosene, apagados às 22h. Com sete anos, viu a primeira lâmpada ser acesa.


Na casa dela, a água era tirada do poço. Uma vez, fazendo arte, Zuleida foi puxar um balde e caiu com o irmão, Laerte, dentro do poço. A mãe, Ernestina, desesperada, se jogou no poço. Agenor


pulou a janela e salvou o trio. A bronca foi grande.


Há cem anos, das mãos de uma parteira, ouvia-se pela primeira vez, às 9h30, a voz de Zuleida Póvoas Dias, que hoje, lúcida, narra sua história.


Florianópolis Santa Catarina